segunda-feira, novembro 29, 2004

Este mês ficas sem mesada!

É com enorme tristeza que me dirijo hoje a vós, infelizmente esta realidade começa a ser parte integrante não só do meu quotidiano, como também da rotina do português comum.
Mais uma vez ao folhear o jornal, área da educação mais especificamente, deparei-me com uma notícia que de tão absurda meus amigos até aparece falta de educação. O Sr. Sistema volta a fazer das dele e desta vez, com muita surpresa minha não é Morais Sarmento que empunha a espada da incompetência, mas sim Bagão Félix e o seu fiel escudeiro, o Director geral do orçamento, na cruzada contra as boas condições económicas, perdão, em prol dos 3%.
Desta vez os prejudicados não são nem a imprensa nem os jornalistas como é hábito desta república das…… (ia dizer bananas mas longe de mim querer ofender o fruto), o que francamente me surpreende. Desta vez os visados foram os politécnicos que viram sobrar para si a ultima bala desta roleta russa a que o eufemismo chama de governo. O que se passou foi que o Ministério das finanças optou pela redução das verbas transferidas aos politécnicos a uma amostra daquilo que estava previsto no orçamento para este ano, sem ter em linha de conta as alterações provocadas pelo pagamento de bolsas, projectos de investigação, obras com apoios comunitários ou mesmo dinheiro destinado aos subsídios de Natal. Será que o Sr. Ministro tem noção que ao contrario dele mesmo há muito português que depende não de uma estatística orçamental mas sim de um salário (mesmo que vergonhoso como o salário mínimo nacional) para viver? Acho que não. Será que o Sr. Ministro tem noção que o não pagamento das bolsas iria levar alguns dos estudantes a terem de desistir daquilo porque batalham há anos, a sua formação, instrução e futuro.? Acho que não. No entanto para que não me tomem como hipócrita, aproveito a deixa e digo-vos também que a semelhança das pensões, reformas e outras existem muitas bolsas que, na minha opinião pessoal, são atribuídas levando em conta, não os valores que se justificam mas sim a cavalagem do novos VW Golf TDI que gentilmente se estacionam no parque das universidades, institutos e residências .
Voltando ao tema das reduções (não estou a falar do Golf) o CCISP resolveu adiar o plenário agendado para hoje 29-11-2004 em prol das boas negociações, portanto porte-se bem Senhor Ministro, cuidado, não vá chumbar a esta cadeira.
Já agora, uma vez que está preocupado com a educação preocupe-se com a Escola Superior de Educação de Coimbra, que tal como a sua politica se encontra degradada e suja.
Em jeito de reticencia mas na forma de palavra findo com uma pergunta. Sr. Ministro onde estão os seus 3% de competência ?
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quarta-feira, novembro 10, 2004

Só faz quem quer!

Uma vela pela praxe.

O assunto que hoje me traz até vós é nada mais, nada menos do que as praxes académicas.
Foi com grande surpresa que ao folhear o jornal "O Público" me deparei com uma notícia referente ao já conhecido caso de Ana Francisco, aluna da Escola Superior Agrária de Santarém.
Para quem não se recorda, isto sucedeu-se o ano passado. Ana Francisco prestou queixa na policia de segurança pública alegando que tinha sido torturada durante uma praxe que envolvia seis membros da então actual comissão de praxe e um veterano, tendo os primeiros seis sido acusados de crime de ofensa à integridade física qualificada e o último de coacção e injúria. Os sete indivíduos ficaram sujeitos a termo de identidade e residência e foram ainda privados de assistir ás aulas durante quinze dias.
Agora pergunto-vos, que ritual é este, tão macabro e ofensivo nas bocas dos comentadores? Que torturas são estas a que se sujeitam os jovens estudantes, inocentes e indefesos? Porquê este mártir? Agora sou eu mesmo quem vos responde e com prazer.
A praxe académica é uma instituição em decadência e uma tradição que como muitas outras se vai perdendo. É em defesa desta tradição que intervenho dando a minha opinião de quem vive e já viveu toda a euforia do mundo académico com orgulho.
A praxe só faz quem quer e não tem como objectivo violentar ou pôr em causa direitos e princípios dos alunos. Visa sim a sua integração na nova instituição e familiarizar os alunos com a cidade e entre si mesmos. Penso que não devemos tomar o um pelo todo e julgar de forma errónea anos de tradição. A praxe não é uma ditadura é uma democracia e por isso respeita a definição que cada um tem de abuso e não vai além dos limites que cada aluno impuser, só faz quem quer. No entanto há que saber praxar e ter em conta os limites de cada individuo, eu dou o meu exemplo. Fui caloiro, e sempre fui respeitado por isso respeito quem o mesmo fizer.
Como se isto não bastasse, os nossos jovens estudantes inocentes e indefesos destas duas qualidades não têm nenhuma, são pessoas cultas e adultas (supostamente) que deveriam saber fazer valer os seus direitos. No entanto preferem ser alegadas vítimas de um sistema que nem se preocupam em conhecer. Caros jovens inocentes e indefesos leiam os códigos de praxe.
Quase me esquecia, a caloira Ana Francisco depois de todas estas torturas e de todo este penar foi colocada numa instituição onde (supostamente) não tinha média para entrar. Jovem inocente e indefesa. Juízos de valor? Só faz quem quer.

Pela tradição de que todos fazemos parte. FFFFFFFFFRRRRRRRRRRAAAAAAA.
Posted by Hello

quinta-feira, novembro 04, 2004

Monólogo da alma


Por vezes limito-me a escrever, sem titulo, sem objectivo, sem principio, meio ou fim.
Agarro em meia dúzia de caracteres agito-os, espremo-os e rasgo-os se assim o entender. Só depende daquilo que os sentimentos me proporcionarem na altura, só depende do estado de espírito, só depende da alma
Coisa engraçada a alma, nunca a vi. Será que alguém viu?
As vezes perco-me no tempo a tentar imaginá-la, a tentar perceber o que é e porque é, e qual a sua utilidade. Já o perguntei a mim mesmo e de mim mesmo não obtive resposta. Talvez a minha alma não me queira responder, talvez se queira manter num cantinho do meu ser, à espreita, zelando por mim como se de um anjo se tratasse.
Uma coisa eu sei, tenho-a em mim bem cravada como uma identidade mais do que inata, mais do que simplesmente atribuída num jogo de sorte ou de azar. Completa-me com toda a certeza, é a minha sombra, o meu reflexo e o reflexo que os outros e o próprio mundo têm de mim. É cada um dos meus suspiros, cada uma das minhas angústias, todos os meus sorrisos e a essência das minhas expressões. Tenho-a para mim como a chama que me dá vida e como uma igualdade que creio existir no intimo de cada um. Coisa engraçada, esta alma, que muitas vezes se contradiz a si mesma, sem palavras, sem sons, sem gestos, tornando-nos em muito iguais mas em muito mais, diferentes, dando-nos aquilo que em cada um de nós nos difere, dos outros.
É ela que dita em nós qualidades, tal como a simpatia. É ela que dita em nós defeitos ou lacunas de humor como um curto adormecer dos nossos dotes eternamente acordados .
Era esta alma que me consumia e se escorria por mim, no peso quase que invisível de uma lágrima em tempos de gaiato birrento, numa qualquer idade dos porquês, à espreita do armário que se aproximaria mais tarde.
Hoje, eu, semelhança daquilo que se tem como homem, sou mais uma vez consumido por ela que não vejo e que mais uma vez se escorre por mim, na forma destas palavras que numa simplicidade quase complexa, gentilmente vos ofereço.


Posted by Hello